MASP

François Boucher

O poeta abandona o vício pela virtude. Hércules na encruzilhada, 1750

  • Autor:
    François Boucher
  • Dados biográficos:
    Paris, França, 1703-1770
  • Título:
    O poeta abandona o vício pela virtude. Hércules na encruzilhada
  • Data da obra:
    1750
  • Técnica:
    Óleo sobre tela
  • Dimensões:
    223 x 171 cm
  • Aquisição:
    Compra, 1951
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.00492
  • Créditos da fotografia:
    João Musa

TEXTOS



Os originais, ligeiramente menores, pertencem, como se sabe, à Frick Collection de Nova York (inv. 12.1.128 e 129). As obras em questão – O Poeta Abandona o Vício pela Virtude. Hércules na Encruzilhada e Alegoria da Sabedoria e da Força: A Escolha de Hércules ou Hércules e Ônfale –, encomendadas a partir de 1576 a Veronese pelo imperador Rodolfo II, juntamente com outras duas – Mercúrio, Erse e Aglauro e Vênus e Marte Amarrados por Cupido, respectivamente nos museus de Cambridge e Nova York –, foram sempre classificadas entre as obras-primas do artista. Para Pallucchini (1984, p. 128), por exemplo, “a montagem da primeira composição (inv. 492) está entre as mais controladas e sapientes cogitadas por Paolo”. Essa é razão pela qual as duas obras (inv. 492 e 493) foram copiadas, ao menos quatro vezes entre os séculos XVII e XVIII, por artistas prestigiosos como Boucher e Carle van Loo (Museu de Cambrai). As peripécias vividas por ambas as obras desde as coleções imperiais de Praga até sua aquisição em 1912 por Henry Clay Frick, aconselhado por Roger Fry, foram saborosamente narradas por Watson (1989). Entre seus proprietários estão a rainha Cristina, que em 1654 leva as pinturas da Suécia para Roma, os Odescalchi, uma das famílias patrícias romanas mais importantes do período seiscentista (1693), e o príncipe regente Philippe, duque de Orléans, que as adquire em 1721 e as expõe em sua galeria do Palais Royal, então a mais prestigiosa de toda a Europa. Por volta de 1750-1755, as duas obras em questão – O poeta Abandona o Vício pela Virtude. Hércules na Encruzinhada e Alegoria da Sabedoria e da Força: A Escolha de Hércules ou Hércules e Ônfale – (e ainda o Moisés Salvo das Águas de Veronese) foram copiadas por François Boucher (1703-1770) a pedido de um membro da família real portuguesa, o duque de Aveiro. As obras foram adquiridas em 1929 da família de Bragança pelo barão Gui Thomitz, que as vendeu a Mitchell Samuels, da Galeria French & Co. (Nova York). Coincidentemente, Watson (1989, p. 210), que desconhece as cópias do Masp, reporta que, “segundo uma nota dos arquivos Frick, por volta de 1929, a cópia (inv. 492) realizada por Boucher passou para a coleção do barão Gui Thomitz, de Paris”. A informação é preciosa porque confirma que as cópias do Masp são justamente as realizadas por Boucher. Watson, de resto, publica uma antiga fotografia do inv. 492 (p. 205) sem indicação de localização. De outro lado, em uma carta a Assis Chateaubriand (5/6/1951), Mitchell Samuels, da Galeria French & Co., dá um testemunho definitivo da autoria de Boucher: “Parece que os originais de Veronese estavam na coleção do regente da França no século XVIII quando o duque d’Aneiro de Portugal enamorou-se delas e obteve consentimento especial do regente para tê-las copiadas, de modo que as cópias foram enviadas a Portugal, onde permaneceram até os anos de 1890. No início do século, foram mostradas ao Sr. Bernhard Berenson, que as examinou muito cuidadosamente e, obviamente, concluiu não serem da mão de Veronese. Após um processo de limpeza, descobriu a assinatura de Boucher, e então os dados acima descritos se completaram”. Efetivamente, é possível ler embaixo, à direita da tela (inv. 493), a letra “B”. A temática alegórica das obras, ao mesmo tempo erótica e moralizante, vincula-se ao mito da encruzilhada moral de Hércules, representado no quadro O Poeta Abandona o Vício pela Virtude. Aparentemente, a figura de Hércules é um auto-retrato de Veronese. Desdobramento moderno das psicomaquias medievais, recorrente desde o século XVI, a alegoria em questão foi amplamente analisada por Seznec, Wind e Panofsky. Na Alegoria da Sabedoria e da Força, a figura feminina contempla o firmamento e domina sob seu pé o mundo e suas riquezas. Ela representa a Sabedoria Divina com seu clássico atributo: o sol sobre a cabeça. O herói Hércules, por sua vez, apóia-se de forma instável sobre sua maca, olhando para as riquezas materiais e para suas obras.

— Autoria desconhecida, 1998

Fonte: Luiz Marques (org.), Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: MASP, 1998. (reedição, 2008).



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