Hélio Melo (Boca do Acre, 1926 - Goiânia, 2001) nasceu no estado do Amazonas e trabalhou até os 33 anos como seringueiro. Seu interesse pela arte começou na infância e foi estimulado por sua mãe que desenhava. A obra
do artista, a maior parte dela em desenhos sobre papel, representa o cotidiano da vida na floresta, com paisagens, cenas de trabalho e imagens fantasiosas, que são uma mescla de sua vivência e imaginação com
histórias e mitologias indígenas.
O serradoré um bom exemplo dos desenhos de Melo que retratam o trabalho no campo na complexa relação entre preservação e extração de riquezas da floresta. Na imagem, em uma clareira na floresta com a vegetação desenhada
detalhadamente, dois homens serram um grande tronco de madeira apoiado em uma estrutura improvisada com galhos. Melo também foi um ativista pela preservação do meio ambiente, escritor, compositor e músico. Escreveu,
sobretudo, sobre a vida na floresta, em narrativas que misturavam relatos do cotidiano com elementos fantasiosos. Nas palavras do crítico e curador Paulo Herkenhoff: "por seu aprendizado com a natureza e com os
índios, Hélio Melo criou uma agenda de interpretação da vida cotidiana e de um imaginário que mobilizava a dimensão simbólica dos conflitos sociais e ecológicos de seu ambiente".