Paisagem da Campanha Romana trata-se de um formato pequeno e delicado, quase à maneira de uma miniatura em camafeu, pintado porém com pinceladas francas, com notações de relevo e luminosidade colhidas diretamente da observação.
As menções inventoriais identificam a paisagem com a Lagoa Rodrigo de Freitas, proposta pouco aceitável. Além de não se distinguir aí com clareza nenhuma lagoa, nada há de tropical nessa paisagem, coalhada de lugares-comuns da campanha romano-napolitana, que, como se sabe, foi bastante freqüentada por Taunay entre 1784 e 1787. A arquitetura, o relevo e a vegetação são evidentemente italianas e não deixam margem a dúvidas quanto à não proveniência deste óleo da fase brasileira do artista, fase essa, de resto, bastante conhecida por seu enfático registro da paisagem tropical. Embora um texto conservado na documentação do museu aluda a uma suposta opinião de Georges Wildenstein segundo a qual se trataria da primeira obra de Taunay realizada no Brasil, em 1816, preferimos datá-la dos anos 1784-1787, isto é, durante a estada romana de Taunay, não apenas pelos motivos acima alegados, mas sobretudo pelo caráter claramente setecentista da paisagem e pela presença muito coerente do vocabulário da campanha italiana, entre Roma e Nápoles.
— Autoria desconhecida, 1998