A obra Paisagem de Porto provém da coleção de Beatrix Reynald, que esteve radicada, após a ocupação de Paris pelos alemães, no Rio de Janeiro, onde vendeu sua coleção com o generoso fito de contribuir para a Resistência. Desta importante
coleção, o Dr. Assis Chateaubriand comprou outras obras, atualmente no Masp, entre as quais se contam telas de Lhote, Utrillo, Marquet, Valadon, Waroquier, Laurencin e Chagall.
Provavelmente devido a uma evolução instabilizante do óleo sobre o papelão, a obra encontrava-se em mau estado de conservação, o que motivou uma bem-sucedida restauração, da qual agora sobressaem melhor seus valores
pictóricos e a evidente matriz
fauve. Trata-se de uma paisagem de um porto com embarcações à vela, temática em princípio de conotação amena. Friesz concebe-a contudo em uma composição fortemente tensionada pelo revolvimento da matéria cromática, que a
comprime entre um céu e um mar visualmente acidentados, pela coexistência de focos visuais contrastantes e pela presença de fortíssimas diagonais que perturbam o primeiro plano.