MASP

David Alfaro Siqueiros

Presságio (Angélica Arenal de Siqueiros), 1950

  • Autor:
    David Alfaro Siqueiros
  • Dados biográficos:
    Chihuahua, México, 1896-Cidade do México, México ,1974
  • Título:
    Presságio (Angélica Arenal de Siqueiros)
  • Data da obra:
    1950
  • Técnica:
    Vinílica sobre aglomerado de madeira
  • Dimensões:
    101 x 84 x 0,5 cm
  • Aquisição:
    Doação Dom Emílio Ascarraga, 1951
  • Designação:
    Pintura
  • Número de inventário:
    MASP.00212
  • Créditos da fotografia:
    João Musa

TEXTOS



Desde o início de sua formação, Siqueiros engajou‑ se ativamente na vida política, participando do movimento de Emiliano Zapata. Em 1919, enviado a Paris como adido militar, tomou conhecimento da arte de vanguarda e estreitou amizade com Diego Rivera (1886-1957), com o qual concebeu a ideia de uma nova pintura monumental e heroica, ligada às tradições pré-colombianas e folclóricas do México. Voltando ao México em 1922, com Rivera e Orozco (1883-1949), foi do movimento muralista, desenvolvendo um realismo épico de grande apelo popular. Teve interesse particular pelo uso de materiais e técnicas industriais — aerógrafo, cinema, colagem fotográfica — e pelo aspecto propagandístico da arte, em função das suas convicções stalinistas, o que marca sua oposição aos temas populares de Rivera. Angústia (A mãe do artista) e Presságio (Angélica Arenal de Siqueiros), retrato da última esposa do pintor, de 1950, são estudos para o mural Monumento a Cuauhtémoc, pintado no Palacio de Bellas Artes da Cidade do México. As duas obras têm um corte inspirado nos primeiros planos do diretor de cinema russo Sergei Eisenstein (1898-1948), que posicionava a câmera muito perto das personagens para destacar com força as expressões dos sentimentos. O uso de uma gama limitada de cores acentua o volume escultórico das formas.

— Equipe curatorial MASP, 2017




Por Luciano Migliaccio
As duas obras, Angústia (A Mãe do Artista) e Presságio (Angélica Arenal de Siqueiros) parecem distantes da temática ideológica-política, de orientação marxista, e também da medida monumental, às quais se deve a fama de Siqueiros, comunista radical, preocupado com a arte como instrumento de propaganda junto ao povo. De fato, são estudos para o mural Monumento a Cuauntemoc, herói da resistência asteca à conquista espanhola, executado no Palacio de Bellas Artes na Cidade do México (comunicação de Maria R. Balderrama, curadora do acervo de arte mexicana do Metropolitan Museum de Nova York). Portanto, tais obras devem ser lidas não como pinturas de cavalete, mas como documentação do trabalho de muralista do artista. As obras evidenciam as características originais da pesquisa de Siqueiros, tanto na escolha dos materiais como no estilo e iconografia. De fato, no corte das duas imagens femininas o pintor mexicano evidencia sua atenção às técnicas de tomada do cinema, trata-se do enquadramento em primeiro plano que lembra a fotografia de Eisenstein e o cinema político soviético. Sabemos que o artista costumava analisar por meio de fotografias o ponto de vista através do qual o público veria suas obras e desenhava então os murais a partir desta documentação, visando obter intenso impacto visual e a máxima integração entre pintura e espaço. As figuras parecem sair dos limites espaciais do quadro pela força plástica com a qual são construídas, as tintas são reduzidas aos tons de terra, branco e preto, criando um efeito de relevo próximo à escultura. Como evidenciado pelas inscrições no retro, os quadros foram pintados em vinilite sobre mesonite ou eucatex, conforme as experimentações com novos materiais industrializados realizadas por Siqueiros e pelos artistas de seu ateliê principalmente na pintura mural.

— Luciano Migliaccio, 1998

Fonte: Luiz Marques (org.), Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo: MASP, 1998. (reedição, 2008).



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