O retratado – emRetrato de um Membro da Casa de Habsburgo-Lorena– pertence à Ordem do Tosão de Ouro, como atesta a presença das insígnias desta, as chamas de onde pende o velocino de ouro. Como se sabe, a direção da Ordem passa ao controle da Casa dos Habsburgo desde 1477, com o
casamento de Maria, filha de Carlos, o Temerário, da Borgonha, com Maximiliano, arquiduque da Áustria. Quando houve a ascensão de Filipe II, filho de Maximiliano, ao trono de Castela, a direção da Ordem transfere-se
para a Espanha. Com a morte de Carlos II em 1700 e a conseqüente extinção dos Habsburgo da Espanha, o governo supremo da Ordem foi reclamado pelo Imperador austríaco Carlos VI, sendo ele instituído em Viena, em 1713.
A questão não foi aceita por Filipe V da Espanha, e desde então a Ordem passou a existir tanto na Áustria como na Espanha. Em princípio, portanto, o retratado e seu pintor poderiam ser tanto espanhóis quanto
austríacos. Outros elementos intervêm, contudo, para tornar extremamente verossímil uma atribuição a um pintor da corte vienense dos Habsburgo-Lorena. Antes de mais nada, o relativo parentesco fisionômico do modelo
com diversos membros da Casa dos Habsburgo-Lorena, evidente quando se o justapõe, por exemplo, ao duplo retrato do Imperador José II e de seu irmão o grão-duque da Toscana, Pietro Leopoldo, pintado por Pompeo Batoni
em 1769 (Viena, Kunsthistorisches Museum, inventário 1628). O pintor do quadro do Masp é um retratista de extraordinária qualidade, com toda a probabilidade pintor da casa Imperial dos Habsburgo-Lorena, até porque,
na Áustria, o Tosão de Ouro só era concedido aos membros da nobreza principal, isto é, aos Habsburgo-Lorena, aos príncipes e aos chefes de Estado.