De ascendência árabe, Habuba Farah Riccetti teve seus primeiros contatos com aulas de pintura
ainda na infância. Nos anos 1950, acompanhou os artistas Samson Flexor (1907-1971) e Mário
Zanini (1907-1971) em seus ateliês e estudou na Associação Paulista de Belas Artes, onde
aprofundou seu interesse nos estudos cromáticos, em especial na soma de cores
complementares que resultam em cinzas coloridos. Referência para a artista, o químico Michel
Eugène Chevreul (1786-1889) chamava esses tons de neutros. Nesta pintura recentemente
doada ao acervo do MASP, é possível observar semelhanças com suas telas iniciais, quase
sempre na mesma escala e com a mesma paleta, do branco aos cinzas coloridos. O branco é
usado direto do tubo, como pigmento industrial puro, mas os pretos e cinzas são constituídos
por misturas de cores. Nas áreas pretas, nota-se trechos azulados ou avermelhados, o que gera
diferentes profundidades, e nas áreas cinzas há uma variedade de temperaturas e tonalidades. A
pintura figura uma forma única composta por diagonais em diferentes ângulos, remetendo a
raios luminosos sobre um fundo escuro. A assimetria gera a impressão de movimento e as
transições de cores resultam em uma pintura que tem a luz como um de seus principais temas.
— Leandro Muniz, assistente curatorial, MASP, 2021