MASP

Conceição dos Bugres

Sem título, Circa 1970

  • Autor:
    Conceição dos Bugres
  • Dados biográficos:
    Povinho de Santiago, Rio Grande do Sul, Brasil, 1914 - Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil, 1984
  • Título:
    Sem título
  • Data da obra:
    Circa 1970
  • Técnica:
    Madeira, tinta e cera/parafina
  • Dimensões:
    108,5 X 26,5 X 27,5 cm
  • Aquisição:
    Doação Edmar Pinto Costa, 2021
  • Designação:
    Escultura
  • Número de inventário:
    MASP.11156
  • Créditos da fotografia:
    Eduardo Ortega

TEXTOS


Por Amanda Carneiro
Artista singular para a história da escultura no Brasil, Conceição Freitas da Silva, conhecida como Conceição dos Bugres, é famosa por sua produção dos chamados "bugres", trabalhos comumente esculpidos em madeira, cera de abelha e tinta. Encontrados na natureza, os troncos cilíndricos que a artista utilizava para construir suas esculturas precisava de poucos cortes de machado para definir as figuras, como se nota nestas duas obras do MASP. Dos ombros pendem longos braços paralelos ao corpo, terminando em dedos verticalmente delineados. Pequenas incisões criam os olhos, boca e nariz, pintados de preto, assim como as sobrancelhas. Não há seios, ou qualquer outro elemento que informe gênero e apesar de apresentar um padrão, as peças se distinguem por sutis mas apuradas modificações na forma. As feições, assim como os cabelos negros e compridos, remetem às origens indígenas de Conceição. Outros sulcos, mais discretos, definem as pernas e os dedos dos pés. Tudo sobre uma base sólida e plana, que por sua vez dialoga com a retidão da cabeça, conferindo ao conjunto rara precisão e síntese escultórica. Freitas da Silva descreve as formas assumidas pelos bugres como resultado de seu respeito ao formato da madeira que "manda, manda mais que eu", pois "a natureza da madeira é sábia". O uso da palavra "bugre" tanto como alcunha da artista quanto para designar as obras tem uma dimensão pejorativa e é indiciário do processo de discriminação contra as populações indígenas.

— Amanda Carneiro, curadora assistente, 2022



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