MASP

SALA DE VÍDEO: SKY HOPINKA

30.6 – 13.8.2023

Sky Hopinka (1984) é membro da Nação Ho-Chunk no estado de Wisconsin, Estados Unidos, e descendente do grupo Pechanga dos indígenas Luiseño, do sul da Califórnia. Por meio de seu trabalho, que inclui fotografia, vídeo e textos, Hopinka explora diferentes maneiras de questionar a complexidade da identidade indígena contemporânea. Sua prática artística é inspirada pela comunidade à qual pertence, e sua obra é uma maneira clara de resistir ao olhar etnográfico que busca situar, definir e determinar o que é e o que não é autêntico. A etnografia é um ramo da antropologia que se baseia em categorias para a coleta de dados, partindo da aproximação imersiva e duradoura com o grupo étnico estudado, mas geralmente realizada por um pesquisador externo àquela comunidade.

Hopinka define seu trabalho como uma reflexão etnopoética, referindo-se a um conceito proposto pelo escritor e tradutor estadunidense Eliot Weinberger, em seu ensaio de 1992, “The Camera People” [O povo da câmera]. A etnopoética é uma conceito que aborda o conflito essencial – e há muito negado na produção de filmes etnográficos – entre o cineasta e o sujeito que está sendo filmado. A etnopoética seria, então, o que acontece quando as comunidades que foram observadas, estudadas e filmadas por etnógrafos brancos ocidentais decidem pegar as câmeras e filmar a si próprias, o que consideram necessário e relevante. Desse modo, essas comunidades subvertem a noção de observador externo isento (o etnógrafo tradicional), para abraçar uma noção de participante engajado e implicado no grupo a ser estudado. 

Dois filmes de Hopinka são apresentados aqui: Kicking the Clouds [Chutando as nuvens] (2021) e Mnemonics of Shape and Reason [A mnemônica da forma e da razão] (2021). Ambos manifestam, por meio da paisagem, da música e da linguagem, a persistência de tradições e práticas ancestrais que sobreviveram a sistemas de opressão, evoluindo e adquirindo novas formas que expressam a complexidade das comunidades ameríndias nos Estados Unidos da atualidade.

Sala de vídeo: Sky Hopinka é curada por María Inés Rodríguez, curadora-adjunta de arte moderna e contemporânea, MASP