12.9.2024
QUINTA-FEIRA

11H
INTRODUÇÃO
André Mesquita, curador, MASP

ROS GRAY
Rewilding após a ecologia imperial
Esta apresentação levará em conta artistas e coletivos de arte cujas práticas podem ser entendidas como exemplos de formas de, seguindo Ariella Azoulay, “desaprender” a ecologia imperial. Em seus escritos sobre planetaridade, Spivak chama atenção para a necessidade de se opor não apenas às formas evidentes de ecofascismo, mas também aos tipos de “ambientalismo não analisado” que se adequam muito confortavelmente a sistemas contínuos de violência colonial, agricultura extrativista, homogeneização neoliberal e modelos de preservação “de fortaleza”. A artista Åsa Sonjasdotter, o coletivo Landra e a residência de arte/ciência/agricultura Sakiya, que atuam respectivamente na Suécia, em Portugal e na Palestina, desenvolveram métodos de pesquisa artística que envolvem processos de “desaprender” a ecologia imperialista, a desdomesticação e a pedagogia de rewilding por meio da pesquisa em arquivos, experimentos com práticas duradouras de cuidado ecológico, fomento à biodiversidade, revitalização dos meios de subsistência e práticas agrícolas locais, e um compromisso com práticas radicais de comunhão.

CHELSEA FRAZIER
Visualização das ecologias feministas negras
Ao incluir a cultura visual em sua análise, Chelsea Frazier articula ecologias políticas que vão além das correções limitadas oferecidas pelas convenções das teorias ocidentais e da política formal. Para além disso, ela argumenta que os temas relacionados às mulheres negras rompem com os marcos dos estudos ambientais fundamentados pela colonialidade. Essas rupturas permitem que o(s) feminismo(s) negro(s) construa(m) ativamente concepções alternativas de ética ecológica, em nosso mundo atual e além dele.

Mediação: André Mesquita, curador, MASP

13H—15H
INTERVALO

15H—16H30
RUANGRUPA
De ruangrupa, GUDSKUL e Lumbung: sobre e além do ekosistem
farid rakun (membro do ruangrupa e do GUDSKUL, com sede em Jacarta) irá compartilhar a jornada do ekosistem, o atalho que seus coletivos têm usado para se referir às relações em constante expansão, construídas de forma contínua para imaginar os campos artístico-culturais em que atuam. De um grupo de artistas a um coletivo de coletivos; de verem a si mesmos como recursos a serem compartilhados com os outros a desafios nas práticas não competitivas e não extrativistas de ekosistem artístico.

JERÁ GUARANI
A perspectiva dos Guarani Mbya de São Paulo que não falam português
A partir dessa realidade, Jera Guarani vai falar sobre como os Guarani Mbya veem os não indígenas e o seu modo destrutivo de viver, em relação à vida sem natureza e sem água. Nesse sentido, abordará o quão é profundo a conexão deles com os seres da natureza, com as plantas, as sementes, os bichos e seus semelhantes. Um modo de ser e viver tão equilibrado que nem mesmo ela e tantas outras pessoas já não conseguem mais alcançar.

Mediação: Isabella Rjeille, curadora, MASP
 

CHELSEA FRAZIER
Chelsea Mikael Frazier é uma ecocrítica feminista negra — escreve, pesquisa e leciona na interseção da teoria feminista negra e do pensamento ecológico. Ela também pertence ao corpo docente do Departamento de Literaturas em Inglês da Universidade Cornell. Em 2019, ela fundou o Ask an Amazon, um centro educacional com o objetivo de apoiar estudantes, profissionais e organizações em seu desenvolvimento intelectual e criativo. Atualmente, Frazier trabalha no manuscrito de seu primeiro livro, que ilumina as histórias culturais e as contribuições criativas de mulheres negras que criaram práticas ricas e transformadoras de uma ética ecológica alternativa aos “ambientalismos” que são facilmente encontrados na sociedade ocidental.

JERÁ GUARANI
Liderança da aldeia Kalipety, na Terra Indígena Tenondé Porã, localizada do extremo sul da cidade de São Paulo. É formada pela USP em Pedagogia (2008), e hoje atua como Agente Ambiental, promovendo a recuperação de sementes tradicionais, de áreas degradadas e de florestas na Terra Indígena. Como escritora, é autora de Nós, livro publicado pela Editora Elefantinha. Faz apontamentos de reflexão sobre sua cultura, sobretudo no trabalho político com as mulheres.

ROS GRAY
Ros Gray é diretora do Programa de Mestrado em Arte e Ecologia e codiretora do Centre for Art and Ecology na Goldsmiths, Universidade de Londres. Ela é uma escritora e pesquisadora que colabora com artistas, curadores, cientistas, produtores, recicladores e ativistas a fim de explorar as possibilidades de um processo de “rewilding planetário”, que ela entende como uma forma de envolvimento ecológico que envolve atenção sensível e de longo prazo a lugares específicos, comunidades mais que humanas, bem como histórias e conhecimentos marginalizados. Ela chega à ecologia a partir de um histórico de pesquisa que investiga histórias de cinema militante em contextos de descolonização e, em sua prática de ensino e escrita, considera como as questões de justiça climática são essenciais para o cuidado ecológico.

RUANGRUPA
Coletivo com sede em Jacarta, criado em 2000. É uma organização que busca apoiar a ideia de arte no contexto urbano e cultural ao envolver artistas e outras disciplinas a fim de apresentar observações críticas e pontos de vista sobre as questões urbanas contemporâneas da Indonésia. O coletivo esteve envolvido em vários projetos, incluindo a participação em exposições como a Bienal de Gwangju (2002 e 2018), a Bienal de Istambul (2005), a Trienal de Arte Contemporânea da Ásia-Pacífico (Brisbane, 2012), a Bienal de Singapura (2011), a Bienal de São Paulo (2014), a Trienal de Aichi (Nagoya, 2016) e a Cosmopolis, no Centre Pompidou (Paris, 2017). Em 2018, juntamente com o Serrum e o Grafis Huru Hara, o ruangrupa fundou o GUDSKUL: contemporary art collective and ecosystem studies. farid rakun se formou como arquiteto na Universitas Indonesia e na Cranbrook Academy of Art. Ele é membro do coletivo de artistas ruangrupa, com o qual foi co-curador do TRANSaction: Sonsbeek e forneceu orientação artística coletiva para a mostra documenta fifteen (Kassel, 2022).