Pioneiro da fotografia moderna no Brasil, Geraldo de Barros criou Fotoformas entre 1947 e 1951. Nesta série, o fotógrafo realizou operações de sobreposição, repetições e montagens em negativos de fotografias preto e branco, estabelecendo estruturas geométricas que organizam a composição das imagens. O artista desenvolveu um método de criação por meio de múltiplas exposições do negativo, produzindo imagens com forte organização geométrica, o que as aproxima do construtivismo, do cubismo e da abstração. A série se iniciou por acaso, em um momento que o fotógrafo se esquecera de girar o negativo de sua câmera, gerando duas fotos sobre o mesmo. A partir dessa experiência visual de justaposição, De Barros passa a estudar jogos de luz e sombra, gradeamentos, inscrições, muitas vezes com fotografias de objetos de design e espaços arquitetônicos modernos que se desenvolviam no período. A fotografia se consolida nesse momento da trajetória do artista como uma parte de um processo de investigação dos elementos constitutivos das imagens, como o plano, a linha, criando espaços composicionais tridimensionais complexos, em que controle e a acaso, geometria e gestualidade, figura e fundo interagem de maneiras complexas. O MASP realizou uma importante exposição da obra do artista em 1951, e em entrevista de 1988 ele revelou que desenvolveu Fotoformas no laboratório de fotografia do museu, criado com Thomaz Farkas (1924-2011), ainda em sua primeira sede, na rua Sete de Abril.
— Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP, 2022