MASP

Sala de vídeo: Akosua Adoma Owusu

5.4-2.6.2019

Akosua Adoma Owusu (Vírgina, Estados Unidos, 1984) é uma cineasta gano-estadunidense reconhecida por sua produção de filmes em torno de temas como imigração, racismo, feminismos e opressão cultural. No vídeo Me broni ba, cuja tradução livre é [Minha branquinha] (2009), Owusu retrata, por um lado, o cotidiano das mulheres nos salões de beleza da cidade de Kumasi (Gana), sugerindo uma reflexão sobre as noções impostas pelos padrões ocidentais. Por outro, a obra mostra a imigração de uma criança negra de Gana para os Estados Unidos, apontando para os processos de contato e choque cultural decorrentes dessa mudança. 

Me broni ba mescla cenas de tratamentos capilares de alisamento em salões – espaço que, no filme, é um lugar de sociabilidade feminina e de violência simbólica – com imagens de crianças ganenses imitando esse ato ao brincarem com bonecas brancas.  O vídeo apresenta narrações, que se assemelham a vozes inconscientes, comentando a dedicação que as mulheres costumam ter com os cabelos.  

Na segunda parte do trabalho, surge uma voz narrando uma memória de infância que, em um movimento biográfico, revela-se como a da irmã de Owusu relatando o quanto a mudança de sua família para os Estados Unidos a colocou em contato com novas visualidades e experiências: a neve, as árvores desfolhadas, pessoas brancas e de cabelos loiros parecidas com suas bonecas. Estar em solo estadunidense a fez desejar transformar sua própria identidade.

Me broni ba aproxima as vivências de crianças e mulheres negras de diferentes partes do mundo que, ainda hoje, lidam com preterimento e a violência da imposição de um único padrão estético sobre seus corpos. Cabe pensar o quanto a reflexão sobre essa realidade pode abrir caminhos para a reconstituição, o pertencimento e a afetividade dos corpos negros e diaspóricos.  

CURADORIA Horrana de Kássia Santoz, assistente curatorial, MASP

Ao longo de 2019, os vídeos aqui apresentados integram o ciclo de Histórias das mulheres, histórias feministas do MASP. O programa destaca a produção de mulheres artistas, de diferentes nacionalidades, gerações e origens, com o objetivo de promover discussões sobre feminismos e a representatividade no campo das artes.