Melvin Edwards começou a fazer a série de esculturas Lynch Fragments[Fragmentos linchados] em 1963, no contexto do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos. Inicialmente essas obras aludiam à prática hedionda do linchamento de homens e mulheres afro‑americanos entre a
abolição da escravidão, em 1863, e a década de 1960. Gradualmente elas passaram a incorporar outras referências a personagens, eventos e lugares ligados à história afro‑ atlântica, seja no continente, seja na
diáspora. Em
Palmares, o artista evoca o quilombo brasileiro ocupado por escravizados fugitivos entre os séculos 16 e 18. Palmares é considerado o mais importante quilombo do Brasil, estabelecido em Pernambuco com uma população de
milhares de habitantes. Teve Ganga Zumba (
circa1630-1678) e Zumbi (1655-1695) como seus principais líderes. A obra foi feita no centenário da abolição da escravatura no Brasil. Edwards visitou o país duas vezes nos anos 1980 com sua companheira, a poeta, ativista
e artista de performance Jayne Cortez (1934-2012), em encontros literários no Rio de Janeiro e em São Paulo. O uso de objetos agrícolas e industriais em suas esculturas, tais como correntes, ferraduras e cravos de
ferrovias, deve‑se a suas qualidades formais, mas também transmite ao espectador uma narrativa e um sentido de lugar, referindo‑se, nesse caso, à importância cultural e à luta pela liberdade das populações africanas
escravizadas no Brasil colonial.